Em lembrança de Helios Gómez

A voz de um pregoeiro anuncia que Helios Gómez, filho de um anarquista corticeiro, nasceu em Sevilha a 27 de Outubro de 1905. Aos 13 anos, começou a trabalhar na fábrica de cerâmica La Cartuja, onde se iniciou a sua profissão de pintor-decorador. A partir desse momento, juntou-se à união anarquista da CNT. Suas habilidades como cartunista e frequenta cursos nocturnos na Escola de Arte do Museu de Sevilha. Fez a sua primeira publicação na capa do jornal anarquista "Páginas libres" (páginas livres) e obras que exibiu pela primeira vez em 1925 no café Kursaal em Sevilha. Nesse mesmo ano Hélios fez um quadro com griz vermelho com o retrato de uma mulher, a "mulher em siena" que dá título a esta peça. Primeiro ele desenha com alguns traços o esboço do retrato. Ele se esforça para visualizar o resultado final e ganha confiança porque sabe como executar o desenho. E é no momento em que começa a fazer as pancadas de forma decidida. Esta passagem musical é o tema principal da obra. Tenta refletir um Helios totalmente apaixonado por seu modelo. Nos anos seguintes, desenvolve-se como artista e viaja e expõe em Madrid, Barcelona, Paris, Bruxelas e Berlim.
Em 1930 muda-se para Barcelona e evolui do anarquismo para o comunismo. Ele trabalha como ilustrador para o Mundo Obrero e outras publicações progressistas, tornando-se cada vez mais um comunista convicto. Em 1933 viajou para Moscovo e participou na exposição de arte ocidental revolucionária. Em 1936 fundou a SDP (União dos Desenhadores Profissionais), cuja presidência exerceu. A vida de Hélio é um romance que vale a pena conhecer. Esta peça pretende ser apenas uma nota da sua juventude e especialmente a história de um quadro com uma mulher por quem me apaixonei desde criança e que me olhava sempre que visitava a casa da minha avó. A minha mãe, que a herdou e conhecia os meus sentimentos, deu-ma.